Pessoas que nos inspiram a não desistir!A ação recomenda!

Seleção de Sílvia Real
Por falar no complexo prisional-industrial e no movimento de abolição das prisões nos Estados Unidos: o que podem os movimentos conquistar, hoje em dia? Que lições aprendemos com os anos 1960 e 1970?
“Julgo que aprendemos, nos anos 1960 e 1970, que os movimentos de massas podem, de facto, acarretar uma mudança sistémica. Se olharmos para toda a legislação, que foi aprovada – a Lei dos Direitos Civis, por exemplo, a Lei do Direito de Voto -, nada disso aconteceu porque um presidente deu passos extraordinários. Aconteceu porque as pessoas se manifestaram e se organizaram.TEMOS DE FALAR DE UMA MUDANÇA SISTÉMICA, Entrevista realizada por Frank Barat em Paris (10 de Dezembro de 2014)capítulo 3, página 55
“Penso que os movimentos, os movimentos feministas e outros, se tornam verdadeiramente poderosos quando começam a afetar a visão e perspectiva das pessoas que não se indentificam forçosamente com eles. Os feminismos radicais, ou feminismos anti-racistas radicais, são importantes no sentido em que têm afectado a maneira como as pessoas, sobretudo os jovens, encaram hoje as lutas pela justiça social. Fizeram-nos perceber que não é possível vencer, seja em que movimento anti-racista for, se não tivermos em conta o papel desempenhado pelo género nestas lutas, pelo género e pela sexualidade, a classe e a nacionalidade. Antes, considerava-se que as lutas pela liberdade eram lutas masculinas. Para os negros, a ideia de liberdade negra era equivalente a liberdade para o homem negro: se olharmos para Malcom X e muitas outras figuras, vemos isso constantemente. Mas agora isso já não é possível. E julgo que o feminismo não é uma abordagem que seja ou deva ser adoptada só por mulheres; tem de ser cada vez mais uma abordagem adoptada por pessoas de todos os géneros.”TEMOS DE FALAR DE UMA MUDANÇA SISTÉMICA, Entrevista realizada por Frank Barat em Paris (10 de Dezembro de 2014)capítulo 3, página 67
“Muitas pessoas partem do princípio de que, como os acampamentos (do movimento Occupy) desapareceram e nada de tangível aconteceu, não houve um resultado. Mas, quando pensamos no impacto dessas acções criativas e inovadoras e nesses momentos em que as pessoas aprenderam a estar juntas sem a estrutura do Estado a suportá-las, em que aprenderam a resolver problemas sem sucumbirem ao impulso de chamar a polícia, isso deveria servir de verdadeira inspiração para o trabalho que faremos no futuro para construirmos essas solidariedade transnacionais. Não queremos ser capazes de imaginar a expansão da liberdade e da justiça no mundo, como Hrant Dink nos incitou a fazer? Na Turquia, na Palestina, na África do Sul, na Alemanha, Na Colômbia, no Brasil, nas Filipinas, nos Estados Unidos?Se assim é, teremos de fazer algo verdadeiramente extraordinário: teremos de nos esforçar muito. Não podemos continuar como até aqui. Não podemos girar em torno do centro. Não podemos ser moderados. Teremos de estar dispostos a levantar-nos e dizer ‘não’, unindo os nossos espíritos, os nossos intelectos colectivos e os nossos muitos corpos.”SOLIDARIEDADES TRANSNACIONAIS, Discurso proferido na Universidade de Bogaziçi, em Istambul, Turquia (9 de Janeiro de 2015)capítulo 10, página 157
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