Unir sem apagar as diferenças

O Ação Cooperativista é um grupo informal, que pratica uma metodologia de trabalho colaborativa, não hierárquica, e que procura unir, valorizando a diversidade, os trabalhadores das artes e da cultura em Portugal. Tal como o nome indica, organiza-se numa lógica de cooperativismo, associando a palavra cooperativa à ativista, tendo a cultura e as artes no centro da sua intervenção binomo download pc.

O Ação Cooperativista nasce a 14 de abril no contexto da pandemia da covid-19 (2020), quando esta atinge dramaticamente o setor das artes e da cultura. A calamidade de saúde pública veio agravar e tornar insustentável a fragilidade e precariedade dos profissionais do setor, que vivem uma contínua suborçamentação da Cultura por parte de sucessivos Ministérios, inaptos para cumprir a responsabilidade constitucional de defender e promover a cultura como um direito de todos

O grupo tem vindo a organizar-se na contaminação de ligações rizomáticas, afetivas e profissionais, dando fundamento à sua existência no permanente diálogo com as pessoas que se vão unindo a partir de causas, interesses e preocupações comuns – desde o apoio ao nível mais elementar, à partilha de informação útil e conhecimento especializado, até ao abrir espaço para pensamento e debate, sempre tendo em vista a ação. É nesta união, sempre discutida, que se funda uma comunidade de operários das artes e da cultura, de todo o país, que experimenta na prática o exercício da colaboração efetiva, de cidadania participativa, na luta pelos direitos elementares de cada cidadão, de cada trabalhador e do universo amplo e diverso que realmente caracteriza as artes e a cultura.

Nesta dinâmica participativa, foram organizados grupos de trabalho que espelham preocupações de reflexão e intervenção a diferentes níveis: emergência, médio prazo e longo prazo; e de diferentes escalas: individual, por grupos/temas, e macro (do setor artístico e cultural mas também preocupado com todos os cidadãos portugueses, que constituem elemento fundamental que complementa qualquer ato artístico).

O Ação Cooperativista é também uma plataforma de viabilização de um fórum de diálogo inclusivo do setor artístico e cultural mas sempre entendendo cada trabalhador das artes como cidadão e por isso com preocupações e responsabilidades transversais à maioria da sociedade portuguesa – daí o pensamento e ação sobre questões, por exemplo, como o RBI – Rendimento Básico Incondicional, a preocupação com a salvaguarda da saúde pública de todos os cidadãos por ocasião da reabertura de teatros e lugares de artes e cultura http://binomo.com.pt/download ou a reivindicação de direitos elementares (como o acesso a bens essenciais) que extravasam o âmbito do próprio setor.

É-nos evidente que as questões de emergência estão, inevitavelmente, agregadas a uma dimensão de futuro e de sustentabilidade para o setor cultural. Este precisa urgentemente de recuperar décadas de atraso na implementação de políticas culturais que efetivamente contribuam para o seu desenvolvimento. Este atraso da resposta do Estado contrasta com as dinâmicas do setor, que se tem diversificado exponencialmente, com extraordinária projeção nacional e internacional, apesar da recorrente suborçamentação do Ministério da Cultura.

Desde a sua criação, o grupo está investido em criar as condições para operar ao nível da mediação entre o setor e a tutela, ambicionando um paradigma de políticas cada vez mais participativas. O movimento funciona em 3 planos interligados entre si: 1o Fóruns semanais com trabalhadores do setor para recolha de testemunhos, perspetivas, posicionamentos sobre o setor da cultura; a partir deste grande fórum, nasce um 2oplano de ação, que passa pela constituição de grupos de trabalho, organizados em torno de três eixos temáticos: Capacitação; Ação e Recursos; Sistematização & Planeamento. No 3o plano, trabalha em permanência um grupo nuclear e facilitador de todo o movimento, mobilizado para a produção de sínteses e de articulação com as várias entidades representativas do setor, grupos formais ou informais, aspirando a que, cada vez mais, a persistência da crença no diálogo com a Tutela prossiga num caminho de UNIÃO.

No concreto, isto significa que há duas linhas de ação que correm em paralelo, articuladas sempre pelo núcleo facilitador: o diálogo e trabalho

com os profissionais das artes que se inscrevem na Ação Cooperativista (com reuniões semanais e grupos de trabalho por temas/questões, organizados em três eixos de ação: Capacitação; Ação e Recursos; Sistematização & Planeamento) e a facilitação de uma posição concertada entre entidades representativas do setor e grupos formais e informais, que já produziu uma carta redigida em binomo.com.pt/download conjunto por 14 estruturas do setor das artes e da cultura e prossegue nesse caminho de afirmação da UNIÃO.

A face mais visível da Ação Cooperativista é um conjunto de iniciativas virais que permitem comunicar o movimento que está em marcha, como ter posto em branco as redes sociais, simbólico do vazio das políticas para a cultura, e a mais recente contaminação do slogan #Unidospelopresenteefuturodaculturaemportugal (com a variação simplicada de #unidospelaculturaemportugal – título saído da primeira carta assinada conjuntamente por 14 estruturas representativas, grupos formais e informais do setor), que gerou milhares de assinaturas e fotografias no Facebook e Instagram de profissionais das artes e da cultura e de cidadãos, portugueses e estrangeiros, num comovente ato solidário com a causa da união pela defesa da cultura em Portugal.

A 14 de abril o Ação Cooperativista tinha 60 membros. A 16 de maio de 20 já ultrapassamos os 5000 e continuamos a ser cada vez mais os que estamos UNIDOS.

Sabemos que somos muitos.

Continuamos a precisar de saber quem somos.

#UNIDOS PELO PRESENTE E FUTURO DA CULTURA EM PORTUGAL